domingo, 30 de janeiro de 2011

COMPLEXIDADE DA APROPRIAÇÃO DE UM TEXTO...





(...) devem existir no texto complexo de controle, pois a comunicação entre texto e leitor só tem êxito quando ela se submete a certas condições. Estes meios de controle, no entanto, não podem ser tão precisos quanto numa situação de face a face, nem tão determinados com um código social que regula a interação diádica. A eles, portanto, cabe levar a interação entre texto e leitor a um processo de comunicação, no fim do qual aparece um sentido constituído pelo leitor, dificilmente referenciável, que, no entanto, contesta o significado de estruturas de sentido anteriores e possibilita a alteração de experiências passadas (ISER, 1979, p. 89).


Por um lado, a leitura é prática criadora, atividade produtora de sentidos singulares, de significações de modo nenhum redutíveis às intenções dos autores de textos ou dos fazedores de livros: ela é uma ‘caça furtiva’ (...) por outro lado, o leitor é, sempre, pensado pelo autor, pelo comentador e pelo editor como devendo ficar sujeito a um sentido único, a uma compreensão correta, a uma leitura autorizada. Abordar a leitura é portanto, considerar, conjuntamente, a irredutível liberdade dos leitores e os condicionamentos que pretendem refreá-la. (CHARTIER, 1988, p. 123)


Com base nos fragmentos destacados, discorro sobre a complexidade da apropriação de um texto por um suposto leitor, levando em consideração os mecanismos de controle presentes no próprio texto. 


Para ler, não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista, também a compreensão e a analise crítica do texto lido. Sem a compreensão, a leitura deixa de ser interessante e passa a ser mecânica.
 Não existe apenas um modo de ler bem, mas existe uma razão essencial por que ler. A partir da interação entre texto e o leitor, poderá esse refletir e avaliar dando significados ao que se ler, pois a ação leitora amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, desenvolvendo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência através do contato com formas e ângulos de diferentes autores sob os quais um mesmo problema pode ser considerado.
 Para Iser a estrutura do texto e o papel dos leitores estão intimamente ligados. O que constitui o verdadeiro objeto da literatura não é o texto objetivo, nem a experiência subjetiva, mas a interação existente entre ambos. Por meio do diálogo ocorre a comunicação entre texto e leitor. Entre a leitura e o texto existe um duplo postulado. Ela não está escrita no texto, não existindo uma distância pensável entre o sentido que lhe é imposto pelo autor, pelo seu uso e pela crítica e a interpretação feita pelos leitores. Em relação ao texto, partilha-se a ideia de que este só existe com a existência do leitor que lhe pode dar significado.
A finalidade básica de leitura cultural é a procura, a captação, a crítica, a retenção e a integração de conhecimentos, e isto se faz, em primeiro lugar, pela procura das ideias mestras, principais, também chamadas ideias diretrizes. Cada texto, cada capítulo e, mesmo, cada parágrafo tem uma ideia principal, uma palavra-chave, um conceito fundamental, o qual o leitor deve captar. Portanto é preciso conhecer o contexto para conhecer o texto, ou melhor, compreendê-lo.
Assim, enquanto não houver um amadurecimento como leitor, algum mediador, conselho sobre a leitura poderá ser útil, talvez, até mesmo essencial.  Mas também, o professor mediador deve refletir sobre o seu papel e sobre as crenças do leitor sobre o ato de ler e seus resultados. Também deve pensar sobre o próprio ato de leitura e sobre as expectativas sociais dos outros e a motivação para ajustar-se a elas, redesenhando o contexto em que a tecnologia será utilizada a partir de sua experiência e criatividade.
Em virtude dos avanços tecnológicos, a leitura torna-se uma peça de fundamental importância, não somente nas instituições escolares, mas alarga-se ao social, político e cultural.


 Rosângela Meira
Uesc- Ba





SER LEITOR



Ser leitor, papel que, enquanto pessoa física, exercemos, é função social, para a qual se canalizam ações individuais, esforços coletivos e necessidades econômicas. (ZILBERMAN, 1999, p. 14)


A instituição literária, na complexidade de seus meandros, coloca novas questões para a história da leitura. É o lugar das convenções e protocolos literários, sendo sua dimensão a da regulamentação do negócio literário, isto é, do modo de produção da mercadoria do livro, em nome de cujo consumo é preciso que narradores e leitores estabeleçam uma certa parceria, constantemente rompida e refeita, e que favorecendo, de um lado, a legibilidade das obras, assegura, de outro, a vendabilidade delas (ZILBERMAN, 1999, p. 57).


Examinada a história da leitura desde a perspectiva de seus compromissos com a sociedade, evidencia-se que a prática leitora não independe dos interesses econômicos que a acompanham, decorrentes das necessidades do mercado dos bens culturais, produtor de obras destinadas ao consumo e a seu descarte, estejam ou não comprometidas com a literatura de massa. Por outro lado, a disseminação da leitura decorreu de a escola ter adotado a alfabetização como sua primeira tarefa, tornada um direito constitucional nas nações modernas. (ZILBERMAN, 2009, p. 25)


Com base nos fragmentos em destaque, discuto sobre as relações comerciais que se estabeleceram no Brasil, no tocante à produção e ao consumo da leitura e como isso vem influenciando o nosso sistema educacional. 



No mundo contemporâneo com o avanço tecnológico as informações são facilmente encontradas, mas o livro jamais deixará de ser o grande aliado do aprendizado e da cultura. É irrefutável a importância das ações leitoras nas institucionais voltadas para o Livro e a Leitura.
Não adianta: entra tendência, sai tendência, mas este curinga, o livro, sempre estará firme e forte para transpor o conhecimento através da leitura por todo o Brasil.
Concordo com a citação de Zilberman, 2009, quando afirma que é precípua uma parceria entre leitores e narradores para que assegure a legibilidade e a vendabilidade das obras, favorecendo ao público leitor, condições acessíveis, pois o livro ainda é muito caro para o padrão social do brasileiro. Ainda não se tem uma cultura leitora bem definida, portanto, é preciso instigar e fomentar a leitura nas escolas desde os primeiros contatos, creche, alfabetização, ensino fundamental I e II, ensino médio enfim em todos os seguimentos até as universidades.
Portanto, é preciso democratizar o acesso à leitura, disponibilizando acervo bibliográfico literário, próprio para as crianças, jovens, adultos, idosos, e recém-alfabetizados, abrindo-se um leque de oportunidades, principalmente, através de pontos de leitura em lugares estratégicos que possam atender maior número de pessoas.
Numa sociedade com tamanha desigualdade social, não se estranha que desigualdade similar permea também à distribuição de bens culturais, já que a participação em boa parte destes últimos é mediada pela leitura, habilidade que não está ao alcance de todos, nem mesmo de todos aqueles que foram à escola.
Refletindo sobre as praticas de leitura, é primordial a missão da equipe do PNLL, Ministério da Cultura como também ações de pessoas físicas e jurídicas em prol do livro e da leitura. Proporcionar o que há de melhor aos estudantes, professores e a leitores de todo território nacional, como: projetos, eventos, concursos, divulgação, informativos, livros, precípuos ao ato de ler.
De um modo geral, uma das funções da leitura é preparar o individuo para uma transformação, que no final terá um caráter universal.

Rosângela Meira
Uesc-Ba 




FELIZ 2011!


Chegamos em  2011


Muitos livros e muitas coisas boas
estão por vir...








A legitimação do livro didático se daria, então, na escola, instituição a quem é atribuída a função de preparar o cidadão para a vida em sociedade [...], os valores que essa sociedade reconhece como seus, ao mesmo tempo em que os constrói. Caberia, pois, à escola definir o que é bom e mau para o aluno, definindo, assim, o que vem a ser um bom ou mau professor, um bom ou mau aluno, o que significa ensinar bem [...] e aprender [...], quais as regras de conduta de uns e de outros, os procedimentos metodológicos e os instrumentos de trabalho do professor, os recortes do conhecimento. São essas ‘regras’, que definem as relações de poder e que subentendem valores tomados como verdades por um dado grupo social, verdades essas que definiriam a ética da escola (CORACINI, 1999. p. 33).


O caráter de autoridade do livro didático encontra sua legitimidade na crença de que ele é depositário de um saber a ser decifrado, pois supõe-se que o livro didático contenha uma verdade sacramentada a ser transmitida e compartilhada. Verdade já dada que o professor, legitimado e institucionalmente autorizado a manejar o livro didático, deve apenas reproduzir, cabendo ao aluno assimilá-la (SOUZA, 1999, p.27).

Com base nos fragmentos em destaque, comento sobre  as relações de poder que determinam os comportamentos presentes na escola e que chegam ao professor e ao aluno através de um discurso legitimado pelo livro didático.            




Para uma escola eficiente é preciso ir além dos livros didáticos. É  desenvolver uma proposta curricular que envolva; motiva e conquista alunos e  educadores.
         Reconhecendo a importância que o insumo livro tem na aprendizagem dos alunos, desde meados da década passada o MEC coordena o maior programa de distribuição de livros didáticos do mundo ocidental, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).  Dessa O livro didático não pode ser compreendido isoladamente, fora do contexto escolar e social. É um produto cultural - com suas especificidades, é claro - e, portanto, conformado segundo a lógica da escola e da sociedade onde está inserido. Numa sociedade de classes, capitalista, como a brasileira, o LD não poderia fugir à lógica que rege esta sociedade, em que as classes dominantes procuram, não só garantir e ampliar a acumulação de capital (e o LD deve ser visto como atividade econômica que possibilita isso), como também veicular as visões que lhes interessam e neutralizar possíveis oposições.
         É, pois, um equívoco pensar que, só porque o Livro Didático tem estado a serviço do poder e da construção de uma memória oficial, ele deve ser descartado. Nas condições atuais da escola pública brasileira e do professor, em brusco processo de empobrecimento, o livro didático não pode ser descartado com base na suposição (ingênua) de que a escola e o professor terão por si sós, condições teóricas, metodológicas e financeiras para construir algo melhor. Se o professor não tiver uma formação e condições salariais e de exercício profissional adequadas, novos materiais ou linguagens poderão apresentar os mesmos problemas que o livro Didático tradicional.         
         Entretanto, não se deve pensar que, numa escola ideal, (bons e amplos recursos didáticos, boa formação teórica dos professores, salários decentes, alunos em boas condições de estudo), os problemas mais graves do Livro Didático seriam resolvidos. O conhecimento pronto, fragmentado, neutro, sem uma perspectiva de totalidade, temporalidades curtas, episódicas, narrativas lineares, a construção de heróis, a difusão da visão de mundo das classes dominantes, a negação ou depreciação das classes populares, o racismo, o machismo, o individualismo, o nacionalismo, a justificação da desigualdade social, não são particularidades do LD.     O livro didático deve ser compreendido como um dos elementos do processo de ensino-aprendizagem escolar. O seu efeito real, positivo ou negativo, não está apenas no seu conteúdo, mas também no modo de utilizá-lo. As condições de ensino, a formação e remuneração do professor, a integração entre as várias disciplinas, enfim, todos os elementos do processo de ensino-aprendizagem conjugam-se para dar um ou outro sentido ao Livro Didático. Portanto, quando o ensino vai além, é óbvio que o conhecimento ganha vida.

Rosângela Meira
Uesc-  Uab - polo 22
Vitória da conquista



UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC
 FORMAÇÃO DO LEITOR DE LITERATURA
Polo 22 – Vitória da Conquista
Curso: Licenciatura em Letras Vernáculas
 Rosângela Meira de Oliveira








(...) as epopéias cômicas dos dois intelectuais brasileiros não apenas criticam a velha escola; elas denunciam também, por via indireta, as limitações dos novos modelos adotados. Alvarenga e Melo Franco, falando do aqui e agora do leitor, propõem novos padrões de criação e abrem caminho para outro tipo de diálogo entre o escritor e o público, que é leigo e pertence àqueles segmentos resultantes da revolução burguesa na qual apostam ao endossarem as idéias de Pombal (LAJOLO & ZILBERMAN, 2002, p. 38).


A educação compartilha com a fantasia e a literatura a perspectiva utópica a que essas apontam. Etimologicamente, educar é extrair, levar avante, conduzir para fora e para frente. Funda-se, pois, num ideal, o de que é possível mudar a atitude individual e a configuração da sociedade por meio da ação humana. Porque ideal, esse objetivo é seguidamente criticado e até rejeitado. A dificuldade maior, porém, não reside aí, e sim no fato de não vir se concretizando e de estar ameaçado de desaparecimento por obsoleto (ZILBERMAN, 2008, p. 21).

Com base nos fragmentos destacados, apresento argumentos sobre a ineficiência do sistema educacional brasileiro, apesar das constantes modificações e atualizações, no que diz respeito ao tratamento com o literário na escola. 
           


Nos dias atuais, é grande a competitividade de mercado, demonstrando que somente os mais preparados, qualificados acompanham a velocidade das transformações, em seus setores, ocuparão os lugares de destaque no mundo empresarial globalizado.
No segmento da educação não poderia ser diferente, é preciso ter ensino de qualidade, engendrar políticas educacionais leitoras, recursos tecnológicos, valorização e capacitação do professor, gestores comprometidos, que proporcione um resultado que caminhe na velocidade o qual  mundo exige.
Apesar de ter expandido seu sistema educacional em todos os níveis, o Brasil encontra grandes dificuldades em melhorar sua qualidade e eficiência no tratamento literário na escola.
A educação brasileira passou por grandes transformações nas últimas décadas, que tiveram como resultado uma ampliação significativa do número de pessoas que têm acesso a escolas, assim como do nível médio de escolarização e  superior de ensino da população. No entanto, estas transformações não têm sido suficientes para colocar o país no patamar educacional necessário, tanto do ponto de vista da equidade, isto é, da igualdade de oportunidades que a educação deve proporcionar a todos os cidadãos, quanto da competitividade e desempenho, ou seja, da capacidade que o país tem, em seu conjunto, de participar de forma efetiva das novas modalidades de produção e trabalho deste fim de século, altamente dependentes da educação,  da capacidade tecnológica e de pesquisa.
Portanto, ser professor hoje é mediar o conhecimento, é fazer o discente participante do processo de construção do conhecimento, que não está pronto e acabado. Não se pode mais ignorar a deficiência do aluno em relação à leitura, fingindo não ver. O resultado são estudantes aprovados, mas insuficientes na leitura.  Pesquisas realizadas nas escolas brasileiras, mostram que em todos os níveis há alunos com um grau de leitura e interpretação defasado.
         É preciso, retirar a viseira e enxergar o que está acontecendo na leitura dos alunos e trabalhar essas deficiências ao invés de ficarem camuflando resultados, cedo ou tarde eles aparecem, e o que valerá não será somente o resultado final da escola, mas principalmente a percepção da qualidade de ensino.
De acordo, (Darnton, 1992, p. 212), a leitura assumiu muitas formas diferentes entre diferentes grupos sociais e em diferentes épocas. Homens e mulheres leram para salvar suas almas, para melhorar seu comportamento, para consertar suas máquinas, para seduzir enamorados, para tomar conhecimento do de seu tempo, e ainda simplesmente para se divertir. (...) A leitura tem uma história. Não foi sempre e em toda parte a mesma.
Portanto, é precípuo perceber que ler é tão amplo quanto a extensão do mundo. Propiciar ao discente adentrar nesse mundo de sonho, de realidade, de ficção e de alma faz com que todos os professores se sintam mais humanos e conscientes do processo de formação cidadã e de responsabilidade social. Fomentar a leitura em todos os níveis é possibilitar um mundo mais justo, consciente, mais humano e solidário.
        
Rosângela Meira