domingo, 27 de novembro de 2011

VALORIZANDO AS RAÍZES









História do Dia Nacional da Consciência

Negra


Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.






Importância da Data

A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira. 
A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão. 
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados hérois nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importantes estão sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.




História dos quilombos


No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), os negros que conseguiam fugir se refugiavam com outros em igual situação em locais bem escondidos e fortificados no meio das matas. Estes locais eram conhecidos como quilombos. Nestas comunidades, eles viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e produzindo em comunidade. Na época colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas, principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas.
Na ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos holandeses (1630), muitos dos senhores de engenho acabaram por abandonar suas terras. Este fato beneficiou a fuga de um grande número de escravos. Estes, após fugirem, buscaram abrigo no Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas.
Esse fato propiciou o crescimento do Quilombo dos Palmares. No ano de 1670, este já abrigava em torno de 50 mil escravos. Estes, também conhecidos como quilombolas, costumavam pegaralimentos às escondidas das plantações e dos engenhos existentes em regiões próximas; situação que incomodava os habitantes.
Esta situação fez com que os quilombolas fossem combatidos tanto pelos holandeses (primeiros a combatê-los) quanto pelo governo de Pernambuco, sendo que este último contou com os ser­viços do bandeirante Domingos Jorge Velho.
A luta contra os negros de Palmares durou por volta de cinco anos; contudo, apesar de todo o empenho e determinação dos negros chefiados por Zumbi, eles, por fim, foram derrotados.
Os quilombos representaram uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira.

Comunidades quilombolas na atualidade

Muitos quilombos, por estarem em locais afastados, permaneceram ativos mesmo após a abolição da escravatura. Eles deram origens às atuais comunidades quilombolas. Existem atualmente cerca de 1.100 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares. Grande parte destas comunidades está situada em estados das regiões Norte e Nordeste.





Quem foi Zumbi e realizações


Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.

No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após um batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.

bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.

Importância de Zumbi para a História do Brasil 



Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.










Homenagem  à Elza Eliziário


A Cultura afro-brasileira


Quem é esta guerreira?


Elza Elisiário - 07/10/1956

Natural de São Vicente - São Paulo

Filha de Luis Elisiário  e

Maria Elisiário










FORMATURA

Quanta Emoção!



Turma de Caculé - 2008

RECITAL




Casamento de Elza e Ademir

















 


 
MEMORIAL DE ELZA ELIZIÁRIO

Depoimento de Elza

"Aos onze  anos de idade eu não sabia o que era uma sala de aula. Apesar de não frequentar a escola eu já sabia ler e escrever.  
Como aprendi?  -Sozinha!
Minha mãe era lavadeira, quando eu ia buscar as trouxas de roupas, eu parava nas bancas de jornal e ficava soletrando as sílabas até formar as palavras e   frases.
Cansada de ver minha mãe, ano após ano, dormindo na porta dos colégios em busca de uma vaga  e sempre tinha o NÃO como resposta, tomei uma decisão audaciosa para a época, cerquei o prefeito na rua e implorei uma vaga no  colégio. Ele não fez por menos, deu-me um bilhete   para procurar a professora   "Sady", diretora do "Colégio Estadual Martim Afonso de Souza", o primeiro colégio do litoral paulista em São Vicente, minha Terra natal. Sou paulista de nascimento e condeubense por opção.
A partir dessa atitude começou o meu "inferno estudantil”!  Se alguém pensa que   foi fácil estudar há 40 anos,   em colégio fundado por  portugueses  , ainda mais   com uma clientela branca, " a elite", não sabe o que sentir na pele  o preconceito, a discriminação entre outras dificuldades. E o pior  não tínhamos  "voz", principalmente, sendo a minoria negra.
Muitas vezes pensei em desistir, mas  Deus  me deu forças, afinal sou uma guerreira, "tropeça aqui e acolá"  e finalmente terminei o primário.
 Naquela  época existia o exame de admissão para cursar  o ginásio, ou seja,  para fazer a 5ª série e  o bom é  que  consegui ser aprovada, mas infelizmente não continuei os estudos. Papai faleceu  e assim aos 14 anos fui  obrigada a trabalhar e ai senti na pele o racismo.
         No prédio onde eu trabalhava  não podia usar o elevador  social, e o pior  era no décimo andar, quando o  elevador de serviço estava quebrado  só me restavam as escadas.   Acompanhei a patroa ao clube e quando entrei na piscina com a criança que eu olhava, pediram-me para sair, porque eu era negra, certamente pensaram que eu soltasse “tinta”.   
Onze anos mais tarde,  já casada, voltei aos bancos escolares, novamente parei porque minhas filhas eram pequenas e eu não aguentava o cansaço à noite.
Como sou teimosa, em 1986 morando em Condeúba, matriculei-me no Supletivo no Colégio Miguez Garrido, tive ótimos professores, as provas eram  realizadas em Vitória da Conquista, na primeira vez passei em cinco matérias e fiquei devendo Educação Moral e Cívica   e a "vilã"  da Matemática. Arregacei as mangas e fui estudar, tomei o livro de Moral e Cívica emprestado, copie o assunto todo  e devorei a matéria. Matemática, eu estudei com Mário Sérgio que  era uma "fera" nos assuntos, aprendi muito.
         Na última vez que parei de estudar ,  foi porque só tinha o ginásio à tarde e minhas filhas  também estudavam, tive que optar,  além do mais   o gasto com material escolar era    alto    para mim. (tinha que comprar tudo,  livros, cadernos entre outros).
HOJE, tudo é bem mais fácil, os estudantes  têm transportes, livros, merenda, bolsa escola e ainda muitos não querem nada.
         EM 2001, a fatalidade bateu à minha porta, fiquei viúva e cuidando do meu sogro que  veio a falecer no ano seguinte, aí foi o caos na minha vida, mas não deixei me abater, levantei a cabeça e fui à LUTA,  afinal sempre fui uma GUERREIRA.


ENFIM A FELICIDADE...

EM 2004, encontrei um velho amigo de infância,   que não o via há mais de 20 anos,  começamos a namorar  e  logo  casamos. Ele resolveu a  estudar e chamou-me, a principio relutei, mas acabei aceitando  a ideia.
         Bem, fui ao Colégio Estadual Tranquilino Torres  para fazer minha matricula, mas segundo a professora Nilcinha não havia vagas,  então resolveram deixar meu nome na lista de espera caso alguém desistisse. Não deu outra, no primeiro dia de aula lá estava eu,  após 20 anos, toda tímida, nervosa, mas logo me familiarizei.  Que turma maravilhosa! Saudades!  O corpo docente da melhor qualidade, não desmerecendo as outras professoras, Conceição foi um dos baluartes da minha ascensão, naqueles 07 de setembro, onde declamei um poema - "13 de  Maio"  do poeta  Silveira Oliveira  para uma plateia com mais de cem pessoas.
         Através desse feito projetei-me  perante a sociedade condeubense  que afirma não ser racista, mas esse ranço  ainda existe,  é como um "câncer" que não conseguimos extirpar.
Em 2006 fui para o Colégio Estadual, ensino médio.
         EM 2007, por motivo de trabalho mudei-me para Caculé,  para avançar optei pelo EJA (Educação para Jovens e Adultos), dessa forma conclui o ensino médio em 2008 aos 52 anos. Considero  o final de mais uma etapa,  pois se Deus permitir pretendo ainda cursar uma Faculdade. Tenho em mente   Licenciatura  em História   ou quem sabe   Faculdade de Direito. Nada é impossível, basta persistir.
Em 2010 mudei-me para Vitória da Conquista onde trabalho,  só não  consegui  passar no vestibular ainda...
         Agradeço a  Deus a oportunidade de poder escrever este memorial e a todos que me apoiaram e incentivaram.
Muito Obrigada!

Memorial de Elza Elisiário
Postado por Rosângela Meira 



"Tentar não significa conseguir, mas certamente
todos que conseguiram tentaram"

Autor desconhecido












Um comentário:

  1. Elza gosto muito de uma frase sua:

    "Não gosto que refiram a mim como "aquela de cor".
    Eu sou negra e tenho nome. Quem tem cor é arco-íris, pois ele é colorido: rosa, verde amarelo...

    Parabéns! Você é autêntica.

    Rosângela Meira

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