domingo, 27 de setembro de 2009


LI E GOSTEI



LOUCURA E BURRICE


Há pessoas que confundem inteligência com instrução, instrução com cultura, telefone com saxofone.
Eu odeio a burrice. Aliás, à medida que estou envelhecendo cada vez mais odeio a burrice. Burrice nada tem com a cultura. Uma pessoa pode ser muito culta e, ao mesmo tempo, burra. Uma coisa não tem nada com a outra. O contrário também pode ocorrer, ou seja, uma pessoa profundamente inteligente pode não ter cultura nenhuma. Ou instrução. A inteligência é a capacidade de ver dentro as coisas, de penetrá-las, de apreendê-las.
Há pessoas que podem estudar a vida inteira, receber a maior soma de conhecimento e não tem capacidade de criar situações, de raciocinar, de discutir e apresentar soluções.
A pessoa inteligente é aquela que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Ao longo da vida da gente, quantas pessoas encontramos com aquela capacidade de pensar, de refletir, com aquele saber de vida que a escola jamais daria.
Eu me lembro de uma história que Augusto Frederico Schimidt costumava contar de um amigo.
Vinha o seu amigo de automóvel, quando, quase à porta de um manicômio, o pneu estourou. Saltou do carro, apanhou o macaco, levantou, tirou as porcas da roda e jogou-as dentro da calota que pusera ao lado.
Chovia muito; isto não obstante, observava-o do alto do muro um louco.
Passa, tirando um fino, em grande velocidade, um automóvel cuja roda traseira atropela a calota, jogando longe as porcas. O amigo de Schimidt se viu, a seguir, de mãos dentro da lama procurando as porcas de sua roda. Desesperado por não encontrá-las, senta-se desolado no meio-fio. Aí é que acontece o inesperado. Do alto do muro, vem aquela voz grave e soturna.
-Ei, meu chapa! Não sabe sair desta?
-Tem jeito, companheiro? Como vou colocar a roda com o pneu sem as porcas que sumiram?
-Ô ignorante (gritou o louco), cada roda tem quatro porcas. Você tem aí três rodas montadas no carro, cada uma com quatro porcas. Tira uma porca de cada roda e vai embora que três porcas são suficientes.
Assim fez o amigo do poeta e pôde sair da dificuldade. Antes de partir, ainda perplexo, resolveu perguntar ao louco:
-Você é louco?
-Sim, sou. Mas não sou burro.
Na verdade, o que há por esse mundo agora é muita gente que não é louca.



(MACEDO, Walmirio. Eu e não-eu. Rio de janeiro: Presença, 1982.p.57-58)





                       O Bibliófilo(especialista em livros) 
José Mindlin

"Não gostaria de viver num mundo onde os livros não existissem"



3 comentários:

  1. "O mundo é um belo livro, mas com pouca utilidade para quem não sabe ler." (Carlo Goldoni)

    adorei o seu blog professora

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  2. Eu também não gostaria de viver em um mundo sem livros, pois sou um leitor assíduo, e o livro é meu companheiro de todos os momentos.
    Estou inicianado a leitura da série de Stephenie Meyer (Crepúsculo,Lua Nova, Eclipse e Amanhecer).
    Parabéns Rose, pelo sucesso do PROJETO SACOLÃO DA LEITURA.
    Seu Admirador Marcello.
    Montes Claros - MG

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  3. Também não gostaria de viver num mundo onde os livros não existissem,pois para mim livro é vida, alegria, entusiasmo, prazer´...

    É enamorar!

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